Ainda em São Paulo, no aeroporto esperando o meu vôo quando escrevi este post.
Acredito que a conferência da SCIP foi muito boa, as pessoas com as quais falei ficaram contentes, o número de assistentes subiu de 100 para 120, os patrocinadores ficaram contentes, os palestrantes também estiveram satisfeitos.
Fico pensando porem, talvez seja fanático mesmo, mas sei lá, será que a gente tem ponto cego com isso lá? Será que temos muito que melhorar ainda (eu fiz a minha análise e temos algumas áreas de melhora, sempre tem, mas fico pensando nisso).
Ainda tenho que fazer a análise para ver se na verdade temos pontos cegos, mas nestes dias, recebi montes de emails onde me falavam (como reação a minha palestra lá), você teria que vir para minha empresa, a alta direção tem montes de pontos cegos. Aconteceu isso ou aquilo e eles não se dão conta. O que acontece com eles?
Mas isso é normal mesmo, se eles souberam, então não seriam pontos cegos mesmo.
Uma conversa que tivermos ontem com o amigo Fernando de Almeida que parece levantou polêmica na conferência foi que ele mencionou (e eu concordo) que o analista de inteligência apresenta, como não pode ser de outra maneira, a sua versão da história. Ou seja, o analista também tem vieses, problemas de percepção, etc. e tem ponto cego também. Não existe o analista perfeito, nem mesmo eu que sou argentino ;)
Mas por que é que quem tem maior probabilidade de ter ponto cego é quem está no topo da organização?
O que acontece é que o profissional de inteligência e na verdade uma boa quantidade de profissionais da gerencia média estão muito mais perto do mercado e outros stakeholders e, portanto, tem menos probabilidade de ter ponto cego, porque eles falam (ou deveriam falar) freqüentemente com os diferentes stakeholders da empresa de maneira devieram ter menos problemas com os pontos cegos. Quem está no topo, normalmente não fala com os principais stakeholders de maneira freqüente.
Mas, são os profissionais de IC imunes mesmo aos pontos cegos?
Acho que infelizmente não. Tudo o mundo é sujeito a vieses de confirmação (de fato o processo do KIT e as hipóteses que você tem no começo do ciclo fazem que isso tenha altas probabilidades de acontecer).
Tudo mundo também é sujeito á ter vieses de avaliação (o analista tem mais probabilidade de fato porque ele está no dia a dia então tem mais em mente os fatos mais próximos). O tomador de decisão, porem, não está tão atado ao viés de avaliação, porque ele tem (ou deveria ter) uma mirada de maior prazo.
E esses são só alguns exemplinhos dos que nós podemos ter.
Mas como é que solucionamos esses problemas com os vieses e os pontos cegos, como falei na minha palestra a maneira é se focar no que nós acreditamos são os nossos pontos fortes e pontos fracos, as nossas vantagens competitivas e os mesmos pontos dos nossos concorrentes, porque lá é onde podemos sofrer o maior dano.
Mas um tema é que os concorrentes nem sempre são os suspeitos de sempre. Por exemplo, quem é o principal concorrente da Bombril os caras que fazem os mesmos produtos que ela ou os fabricantes de panelas que usam cada vez mais teflon e fazem, portanto, supérfluo o seu produto?
Concordo com o Edson Ito que o bom profissional de IC tem que ter um baixo ego, mas o que eu percebo também é que muitos pensam que eles têm a verdade absoluta e acredito que tem que haver mais humildade e considerar que só temos uma versão da realidade. Coitado que esse conselho de humildade venha de um argentino, né?
Grande abraço,
Lic Adrian Alvarez
Founding Partner
Midas Consulting
Direct Phone (Argentina): +54-11-4775-8983
Direct Phone (Brazil): +55-11-3010-1685
http://www.midasconsulting.com.ar/
miércoles, 13 de octubre de 2010
Pontos Cegos e o Profissional de Inteligência Competitiva
Etiquetas:
pontos cegos,
puntos ciegos
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Olá Adrian,
ResponderEliminarfoi bem produtiva a sua espera no saguão do aeroporto!
Concordo com a sua opinião sobre a existência dos pontos cegos dos analistas em adição àqueles dos altos executivos, e também com a afirmação do F. Almeida de que a verdade absoluta não existe e sim uma representação mais ou menos aproximada dela (minha interpretação das palavras dele).
Lembrei-me da analogia dos 6 cegos indianos (não recordo que palestrante abordou na SCIP) descrevendo as partes do elefante e nenhum deles tendo a visão completa do animal.
Como você escreveu, os altos executivos têm uma visão mais macro (fatores chaves de sucesso), estratégica e de longo prazo, além de longa experiência vivida na indústria (gut instinct); já a média gerência e demais empregados estão no front, no dia-a-dia, em contato direto com clientes, fornecedores, canais de distribuição e competidores entendendo suas necessidades, ontos fortes e fracos.
Cada qual tem a sua visão da 'realidade', que é mais ou menos dinâmica e mutável dependendo da indústria. Meu assumption é que, se essas visões forem ponderadas e integradas, aumentasse a chance de se criar uma representação mais aproximada dela.
Assim, acho que um dos papéis do profissional de I.C. é facilitar o fluxo de informações e a integração destas visões, contextualizando fatos e dados e provocando reflexões que visem validar e refutar as premissas organizacionais.
Dessa forma, acredito que uma companhia pode minimizar o gap virtual entre a 'realidade' e a percepção organizacional acerca dela, podendo tornar-se mais competitiva.
Como praticante de I.C., procuro ouvir diferentes perspectivas e argumentos, validá-los e integrá-los à minha perspectiva, enriquecendo-a.
Eis a humilde opinião, provavelmente enviesada, de um amigo brasileiro.
Abraços,
Glauber Silva.
Caro Glauber,
ResponderEliminarBrasileiro humilde é quase tao difícil de conseguir como argentino humilde, coisa esquisita mesma que tenhamos um argentino e um brasilero humilde no blog!
Concordo com você, para mim, o profissional de IC o "bom" profissional de IC é uma pessoa que tem uma grande dose de humildade e espíritu crítico. O que é isso do espiritu crítico? É nao comprar a história de maneira fácil. Tem que ver se fizer sentido e se concordar com a evidência que você tem... Se concordar e fizer sentido, entao compre (pelo menos já fiz o seu due diligence)
Se o analista tiver isso, já tem muita menos possibilidades de ter algúm viés ou ponto cego importante (mesmo que eles sejam quase inevitáveis).
Ter contato com a direcao da empresa sempre ajuda também porque contato com os stakeholders você normalmente já tem, só falta esse contato que nao todas as áreas de IC tem, mas que deveriam ter e dessa maneira completa o quadro de situacao.
Fala constante também ajuda, porque você pode demonstrar o seu valor para os seus parceiros e também ver os pontos de vista de outras pessoas...
Abracos,
Adrian